Custo logístico representa 13% das receitas das empresas

07/11/2012 19:47

Despesa com transporte de longa distância é a maior, equivalente a 38% do total

Arquivo/CNT
As empresas brasileiras gastam em média 13,14% de suas receitas com logística. Em setores industriais, esse custo pode ultrapassar 20%. É o que revela uma pesquisa da Fundação Dom Cabral (FDC), feita com 126 empresas que representam 20% do PIB nacional. O transporte de longa distância é a despesa mais representativa: 38%, seguido da armazenagem (18%), da distribuição urbana (16%), das relativas a portos e aeroportos (13%) e das administrativas (9%). 

De acordo com o estudo, o principal fator considerado determinante para o aumento do custo logístico brasileiro são as estradas em más condições. Elas foram apontadas por 54,5% dos empresários entrevistados. Em segundo lugar, vêm os documentos e a burocracia governamental, destacados por 51,2%. 

As restrições de carga e descarga nos grandes centros urbanos também ajudam a encarecer a logística segundo 49,6% das empresas. Já a falta de concorrência entre modais de transportes e a ausência de oferta de transporte com qualidade são apontados como causa por 48,3% e 45,1% dos entrevistados, respectivamente. 

O estudo também apresenta comparações, a partir de dados do Banco Mundial referentes ao ano de 2008, a respeito do custo do transporte ferroviário entre China, Estados Unidos e Brasil. Enquanto na China, o custo era de US$ 8,75 mil/TKU (toneladas-quilômetros úteis), nos EUA era de US$ 19,96 mil/TKU e no Brasil, de US$ 26,97/TKU. A velocidade média do trem chinês era de 47 quilômetros por hora, contra 39 dos Estados Unidos e 29 do Brasil. 

Nilson Hanke Camargo, do Departamento Econômico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), diz que o setor vem experimentando prejuízos há muito tempo devido ao custo logístico. Mas, segundo ele, a maior preocupação é com um ''apagão'' caso se confirmem as previsões de aumento da safra. ''Este é um problema que deveria ser tratado como prioridade pelos governos estadual e federal, mas infelizmente as sinalizações de que serão resolvidos são muito frágeis'', afirma. 

Ele acredita que ''R$ 4 ou R$ 5 bilhões'' seriam suficientes para resolver os principais gargalos logísticos do Paraná que estão relacionados aos portos de Paranaguá e Antonina e às ferrovias. ''Mal ou bem, a questão das rodovias está atendida'', considera. 

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, diz que os números da FDC não são ''muitos diferentes'' daqueles apurados pelo projeto Sul Competitivo. Financiado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o projeto prevê que são necessários R$ 70 bilhões para solucionar os problemas logísticos no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. 

Na opinião de Campagnolo, os governos estão buscando soluções. Ele lembrou do pacote anunciado pela presidente Dilma Rousseff em agosto, que prevê concessões para 7,5 mil quilômetros de rodovias, e 10 mil quilômetros de ferrovias. ''Embora com décadas de atraso, o governo está indo atrás de melhorar o modal ferroviário'', declara. 

Na última segunda-feira, o presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo, esteve em Curitiba onde confirmou a construção da ferrovia ligando Cascavel a Paranaguá. A licitação deve ser aberta no ano que vem.
 

Fonte: Folha de Londrina