Depressão aumenta risco de infarto

23/09/2013 21:23

Estudos demonstram que doença provoca deposição de placas de gordura nas artérias

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Sintomas depressivos como tristeza, pessimismo e desânimo aumentam em 2,67 vezes a chance do paciente apresentar ataque cardíaco
 
As emoções são ‘processadas’ pelo cérebro, mas é o coração que pode acabar penalizado. Pesquisadores descobriram que a saúde do coração também está intimamente relacionada ao quadro emocional do paciente. Estudos apontaram que a depressão é mais do que um problema de humor, ela é uma doença inflamatória que tem influência direta nas doenças coronarianas, especialmente, em infartos. 

De acordo com o médico cardiologista Ricardo Rodrigues, um estudo canadense realizado com 14 mil pacientes de 52 países identificou que o fator psicossocial – que inclui a depressão e o estresse crônico ou agudo – é a terceira causa de infarto, ficando atrás somente do colesterol alto e do tabagismo. Os estudiosos concluíram que emoções negativas aumentam em 2,67 vezes a chance do paciente apresentar infarto. "Hoje os estudos comprovam que a depressão está relacionada com a deposição de placas de gordura nas artérias", salienta o cardiologista. 

Pesquisas apontam que os pacientes com depressão possuem elevados níveis de cortisol, o hormônio do estresse. Em excesso, esta substância provoca um desgaste em todo o organismo e processos inflamatórios, que podem provocar lesão e formação de placa nos vasos sanguíneos, contribuindo para o infarto e até o AVC (acidente vascular cerebral). 

Rodrigues explica que a depressão é considerada uma doença inflamatória assim como a ateriosclerose (acúmulo de gordura nas artérias), que é considerada a principal causa de infarto, sendo assim o quadro depressivo deve ser tratado como fator de risco do infarto. "Podemos afirmar que há aumento de ocorrência de infartos em pessoas com quadros de estresse e depressão", destaca o médico. Os estudos sobre esta correlação vem ganhando cada vez mais espaço entre os cientistas. 

Algumas pesquisas também revelaram que, em até um ano após o infarto, 90% das pessoas apresentam algum distúrbio de humor. "O que precisamos descobrir é a incidência de pacientes que apresentam distúrbio de humor antes do infarto", destaca o cardiologista. 

Oxidação



O médico psiquiatra Heber Odebrecht Vargas explica que as doenças cardiológicas possuem os mesmos marcadores inflamatórios encontrados na depressão. "Toda vez que o corpo é submetido a doenças crônicas – como o estresse e a depressão – ele precisa produzir energia, e para isto lança mão de substâncias antioxidantes. No entanto, as doenças crônicas provocam a oxidação do organismo, e inicia-se então uma reação em cascata que provoca o estresse oxidativo do organismo e desencadeia o aparecimento de doenças inflamatórias, como é o caso da ateriosclerose que provoca o infarto", salienta. 

Apesar de ser comprovada a ligação entre a depressão e as doenças coronarianas, Vargas considera complicado identificar a ordem delas. "Tanto a doença clínica pode causar depressão quanto ao contrário. As doenças aparecem por conta de uma somatória de fatores. Há situações que não conseguimos constatar qual delas surgiu primeiro", reforça o psiquiatra. De acordo com ele, a pessoa que apresenta duas doenças inflamatórias simultâneas, como é o caso da cardiopatia e da depressão, tem um prognóstico pior e perde qualidade de vida. 

Os sinais mais comuns da depressão são tristeza, pessimismo, desânimo, insônia e falta de apetite. Diante de dois ou mais sintomas, os especialistas recomendam a busca de tratamento médico. Já em casos de infarto, os principais sintomas são falta de ar, suor, enjoo e dor no estômago. Ao primeiro indício do ataque cardíaco, a vítima deve ser encaminhada com urgência ao hospital (veja mais no infográfico)

 

Fonte: Folha de Londrina