Empresas londrinenses driblam crise e dão lições de como crescer

14/10/2012 11:36

 

Roberto Custódio / Jornal de Londrina / A Apetit, que administra restaurantes coletivos para empresas, aparece no ranking deste ano como a terceira empresa que mais cresce na região Sul do país A Apetit, que administra restaurantes coletivos para empresas, aparece no ranking deste ano como a terceira empresa que mais cresce na região Sul do país

O cenário de crise internacional e a dificuldade em encontrar mão de obra qualificada não impediram que quatro empresas de Londrina apresentassem elevadas taxas de crescimento nas receitas nos últimos três anos. A Apetit, Veltec, Correias Multibelt e Serilon Brasil representam a cidade no ranking das 250 pequenas e médias empresas (PMEs) que mais crescem no Brasil, elaborado pela Deloitte e Revista Exame. Representantes dos empreendimentos, caracteristicamente familiares e voltados para a prestação de serviços, destacam a inovação e a valorização dos funcionários como as principais estratégias para o sucesso dos negócios.

A Apetit Serviços de Alimentação aparece no ranking deste ano como a terceira empresa que mais cresce na região Sul do país e a 13ª na colocação geral. O negócio é voltado para a administração de restaurantes coletivos para empresas de diversos segmentos. Entre os anos de 2009 e 2011, a Apetit contabilizou um acréscimo de 175,4% nas receitas, o que representa um crescimento anual de 66%.

A Apetit foi criada em Londrina há 23 anos. “Começou fornecendo 13 marmitas feitas pela própria proprietária. Era refeição transportada”, contou. Hoje, com a ajuda de quase 2 mil colaboradores, a empresa fornece 100 mil refeições por dia em mais de 150 restaurantes espalhados por empresas de 12 estados brasileiros. Na avaliação do gerente de controladoria da empresa, Marcos Antonio Marques, esse número se deve a um conjunto de fatores, como investimentos em capacitação e retenção de talentos, ferramentas de gestão e novas tecnologias. “Estamos entre as 100 melhores empresas para trabalhar [no ranking do Instituto Great Place to Work]”, lembra.


Na 128º no ranking geral está a Veltec, com um crescimento anual de 32,1%. Um dos sócios-proprietários José Jurandir Barroso, de 64 anos, conta que a empresa foi criada em agosto de 2005 e trabalha no desenvolvimento de softwares para a gestão de frotas. “Estamos focados em empresas de ônibus”, afirma. Entre os principais clientes está o grupo Viação Garcia.

Barroso explica que a Veltec atua nacionalmente, e além da matriz em Londrina, mantém um escritório em São Paulo e consultores em diversos estados brasileiros. Na avaliação dele, o sucesso do negócio se deve ao fato de a empresa oferecer um produto inovador, ainda pouco explorado no mercado, já que empresas do setor focavam apenas em sistemas para rastreamento e segurança dos veículos. 

Já a Correias Multibelt, da qual Jurandir Barroso também é sócio e ficou na 168ª posição do ranking, atua há 24 anos em Londrina. A empresa fornece correias para indústrias de diversos segmentos e também para a agricultura. A maior parte dos produtos é importada de países europeus e asiáticos. Para Barroso, a razão do crescimento anual de 25,7%, apesar da crise econômica, se deve ao fato de a empresa não depender de um segmento específico. 

Serilon investe em profissionalização para crescer

Na 140ª posição no ranking nacional e crescimento anual de 29,7%, a Serilon Brasil atua há 26 anos em Londrina com a distribuição de produtos para a comunicação visual. São aproximadamente 650 funcionários em 35 unidades espalhadas pelo Brasil.

Segundo o gerente de marketing da empresa, Bruno Leme Praxedes, a empresa tem passado por um grande processo de profissionalização nos últimos anos. Além de trocar de sistema, a Serilon investe na ampliação do estoque, desenvolvimento de novos produtos, e reinvestimento nos lucros para a abertura de novas unidades e expansão do faturamento.

Com foco na valorização das pessoas, Praxedes disse que a Serilon investe bastante em treinamentos para os colaboradores. Inovação e sustentabilidade também são “pilares” importantes para a empresa. “Mandamos gente daqui para o exterior para feiras, para buscar novidades”, informou. Entre os planos para o futuro está a internacionalização da empresa.

Ranking lista principais dificuldades de empresas emergentes

Além de listar as 250 pequenas e médias empresas que mais crescem no país, o ranking da Deloitte e Revista Exame destacou as principais dificuldades dos empreendimentos que participaram da pesquisa. Entre os desafios do ambiente de negócios que mais incidem no aumento de custos e esforços pelas empresas estão a burocracia e alta carga tributária, apontado por 44% dos entrevistados; legislação trabalhista defasada (30%); dificuldade na captação de recursos (7%); e carência no incentivo ao desenvolvimento de novas tecnologias (7%).

O gerente de controladoria da Apetit, Marcos Antonio Marques, disse que a dificuldade com a questão tributária não é apenas a complexidade do sistema. “O governo tem transferido grande parte do trabalho dele para as empresas. Não basta apenas pagar, temos que informar os pagamentos por meios eletrônicos e se não fizermos da forma correta, sofremos multas onerosas”, comenta. Quando à legislação trabalhista, Marques afirma que se o governo desonerasse a folha de pagamento a empresa poderia contratar mais e se tornar mais competitiva, e os funcionários poderiam ser melhor remunerados.

Fonte: Jornal de Londrina