Especialistas esperam medidas que gerem mais empregos

27/07/2012 20:12

IBGE divulga pesquisa que aponta estabilidade de vagas e paranaenses veem números com cautela

No Paraná, indústria de bens não duráveis e ramos intermediários de transformação, como produção gráfica, combústiveis e madeira estão em alta
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem dados atualizados sobre a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que apresentam estabilidade no mercado de trabalho, vista com cautela por economistas paranaenses. Apesar do cenário um pouco mais favorável no Estado em relação ao País, há expectativa de mais medidas dos governos estadual e federal para evitar que a taxa de desocupação aumente.

O PME, que analisou o desemprego em algumas regiões metropolitanas no País, aponta que não houve crescimento ou queda das vagas nos últimos meses. ''Havia expectativa de que esse dado fosse apresentar já aumento na ocupação e queda na desocupação em algumas áreas, mas isso não aconteceu'', afirma o gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.

Segundo o IBGE, não é possível falar em estagnação do emprego a não ser que a taxa de desocupação piore. Porém, o consultor econômico Renato Pianowski, da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), diz que o Paraná, apesar de ainda estar em vantagem em relação ao País, não tem motivos para comemorar e que não se deve confiar piamente em estatísticas. ''Os números são bons, mas é preocupante porque, por exemplo, a inadimplência é grande e ainda vai atingir o mercado mais para frente'', acredita Pianowsky.

Para o economista, são necessárias mais medidas governamentais para desonerar o setor produtivo. Ele cita que o trânsito de produtos industrializados é grande para o Porto de Paranaguá, mas que isso não significa que o setor esteja em alta. ''Tivemos seca, chuva demais e outros problemas que ainda vão interferir na economia, então é preciso cautela para o segundo semestre.''

Quem também diz que a tendência é que os investidores mantenham um pé atrás em todo o País é Daniel Nojima, diretor do Centro Estadual de Estatística do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). Ele ainda faz coro no pedido de medidas para aquecer a indústria, principalmente a queda da taxa de juros. ''O que tem puxado o emprego formal é o consumo, com comércio que cresce com taxa superior à da indústria, puxado pelo crédito.''

No Paraná, Nojima conta que há mais otimismo porque a indústria de bens não duráveis está em alta, como no gênero alimentício. Ainda, ele vê com destaque ramos intermediários de transformação, como a produção gráfica, de combustíveis e de madeira.

Pianowski lembra que a situação das fábricas de automóveis é outro item que mostra como a indústria paranaense está melhor do que a nacional. ''A GM fala em demitir em São Paulo e aqui, não''. Para lembrar que os números da taxa de desocupação não podem ser a única forma de medir o emprego, o consultor da Acil fala do desaquecimento na construção civil. ''Vão fazer menos edifícios para as classes A e B e mais para classes mais baixas, que contam com financiamento do Minha Casa, Minha Vida. Isso é pé no freio.''

PME em Curitiba

O Ipardes divulgou no fim da tarde de ontem o PME da Região Metropolitana de Curitiba (RMC), com a taxa de desocupação de 4,1%. A fatia representa o número de desempregados frente à quantidade de pessoas economicamente ativas, para grupos de mil habitantes com mais de 10 anos. São 1.648 homens e mulheres na faixa etária, com 68 sem trabalho. A renda média é de R$ 1.910.

Nojima afirma que os números estão atrás apenas dos apresentados pela RM de Porto Alegre, que foi de 4%. Isso mostra o bom momento vivido pelo Estado. ''O Paraná ainda gera mais emprego formal do que a média do País'', completa. (Com Agência Estado)

 

Fonte: Folha de Londrina