Indústrias sem espaço para endividamento

19/11/2012 19:51

 

Estudo realizado pela CNI detectou que 37% das empresas não possuem mais espaço para buscar crédito
Curitiba - Um estudo realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que 37% das indústrias brasileiras não possuem mais espaço para endividamento. Entre as indústrias que buscam crédito, quase a metade (47%) reclama da falta de linhas adequadas à necessidade da empresa. Essas conclusões aparecem em uma nova ''Sondagem Industrial'' da CNI, que apresenta uma análise detalhada do quadro de endividamento do setor e opiniões sobre taxas de juros e condições de acesso ao crédito. 

A pesquisa apurou que 69% das indústrias têm algum tipo de endividamento. Dentro desse grupo que disse ter dívida, 16% consideram estar acima do limite de endividamento; 37% estão no limite e 47%, abaixo do limite. Conforme explica a confederação, isso significa que, entre as empresas endividadas, 53% não possuem mais espaço para aumento do endividamento. E isso, ao final, representa 37% do total das empresas do setor. Ou seja, quatro em cada dez indústrias não podem mais se endividar. 

O economista chefe da consultoria Inva Capital, Lucas Dezordi, destacou que o crédito nos bancos para pessoa jurídica e física atingiu 32% do Produto Interno Bruto (PIB) contra 15% em 2007. E, agora, teria estagnado. ''As empresas, assim como os consumidores, estão bem endividadas'', disse. Para ele, este endividamento foi fruto do crescimento intenso das indústrias e da necessidade de fazer fluxo de caixa. Dezordi acredita que grande parte do crédito utilizado pelas indústrias foi para pagamento de salários e compra de matérias-primas. 

Ele prevê que a partir de agora as indústrias vão começar a viver um ''novo ciclo''. Terão que produzir, mas com menos crédito, o que vai provocar um crescimento mais modesto nos próximos quatro anos. Com isso, as indústrias devem crescer menos e o PIB também. Em 2012, a previsão para o PIB é de um crescimento de 1,5% e, em 2013, o economista acredita que fique entre 3,5% e 4%. 

Para Dezordi, o cenário não apresenta uma situação desesperadora. Ele defende que é o momento de as indústrias procurarem eficiência com gestão profissional e realização de auditoria interna. Com a profissionalização, ele acredita que é possível reduzir o custo do financiamento. ''Isso mostra transparência para os bancos oferecerem crédito com taxas de juros menores'', destacou. 

O presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), economista e professor da FAE, Gilmar Mendes Lourenço, disse que as indústrias estão sem caixa e vivem um momento de queda nas vendas em função da crise internacional. ''Não existe perspectiva de recuperação da economia internacional'', afirmou. E, por outro lado, o governo brasileiro também não está conseguindo convencer os empresários que as medidas econômicas adotadas até agora são suficientes para ter crescimento da economia. 

Para ele, o endividamento das indústrias é consequência da ausência de dinamismo econômico, o que deve levar a um menor crescimento em 2013. Isso terá como consequência uma menor geração de emprego e renda no País. 

O estudo da CNI verificou, também, que 18% das empresas industriais não têm atualmente nenhum tipo de endividamento. Parcela de 13% não respondeu à pesquisa
 
Fonte: Folha de Londrina