Infraestrutura afasta indústrias do Norte do PR, afirma governador

10/01/2012 10:02

Em lançamento da Paccar, em Ponta Grossa, Beto Richa disse que distância do porto e rodovias favorecem Curitiba e Campos Gerais

 
Governo do Estado informou que vai receber investimentos de R$ 9 bilhões nos próximos anos e que negocia mais R$ 5 bilhões
O Estado do Paraná vai receber R$ 9 bilhões de novos investimentos privados em curto e médio prazos. E o governo está negociando outros R$ 15 bilhões. A garantia foi dada ontem pelo governador Beto Richa (PSDB), em Ponta Grossa (Campos Gerais), durante a solenidade de lançamento das obras da Paccar - fábrica norte-americana de caminhões. A má notícia é que nada desses investimentos virá para o Norte do Paraná.

''Embora o nosso programa (Paraná Competitivo) prevê incentivos maiores para o Interior do Estado, para regiões mais deprimidas economicamente, com menores índices de desenvolvimento humano, embora nosso esforço brutal para que isso aconteça, existe a dificuldade de ordem de infraestrutura'', justificou ele durante entrevista coletiva.

Segundo o governador, as indústrias, que precisam exportar, querem estar próximas do Porto de Paranaguá. ''Elas precisam de uma infraestrutura viária maior, ligando a outros centros urbanos, como o Sudeste do País. Elas têm necessidade de mão de obra qualificada'', disse. De acordo com Beto, por esses motivos, as fábricas ''naturalmente'' optam pela Região Metropolitana de Curitiba e pelos Campos Gerais.

O governador disse que seu governo tem trabalhado pelo desenvolvimento do Norte incentivando a agroindústria, ''que é mais fácil no Interior''. Ele citou como beneficiadas as cooperativas agrícolas, ''que estão entre as maiores do mundo''. ''Também demos importantes incentivos fiscais para a indústria têxtil, para as facções que empregam grande parte da mão de obra das pequenas cidades paranaenses''.

Questionado pela FOLHA a respeito da possibilidade de instalação de uma unidade da Foxconn - gigante taiwanesa da área de informática, no Paraná, ele respondeu: ''Essa sim, se confirmada a vinda para o Paraná, irá para o Norte do Estado''. Mas ele mesmo disse tratar-se de uma disputa ''complexa'', por envolver ''altos'' investimentos, e existir quatro Estados interessados na fábrica. Além do Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas negociam com os taiwaneses.

O governador também foi questionado sobre o projeto de desenvolvimento da região Norte, o Arco Norte, que tem como âncora um aeroporto internacional de cargas a ser instalado em Londrina. Lideranças da região pleiteiam do governo estadual uma verba de cerca de R$ 2 milhões para realizar o estudo de viabilidade técnica do projeto. Mas algumas dessas lideranças, ouvidas pela FOLHA especulam que Beto prefere não apoiar o projeto para não ferir suscetibilidades, já que outras regiões do Paraná também querem um aeroporto de carga. ''Nunca houve isso (receio de comprar uma briga pelo Arco Norte). Não tenho medido esforços para ajudar o Norte do Paraná. Eu não consigo, da noite por dia, atender 100% das demandas'', justificou. Beto destacou que o Aeroporto de Londrina, que leva o nome do pai dele, Governador José Richa, recebeu R$ 27 milhões do Estado para reforma e ampliação. ''São R$ 27 milhões, então não vamos discutir R$ 2 milhões'', ressaltou, completando que o governo está debatendo a melhor forma de viabilizar o projeto.

O governador garantiu que Londrina está sendo tratada de acordo com sua importância e disse que a cidade irá receber a ''maior obra de sua história'', que é a duplicação da PR 445 no trecho urbano. ''São 17 quilômetros com 15 viadutos'', reforçou.

Ele também disse que o Estado ajudou a cidade quando da crise da dengue, bancando a contratação de plantonistas. ''Então, interesse e vontade não têm faltado um único instante por parte do meu governo e minha pessoalmente, porque eu sei que acidade foi abandonada pelos últimos governos. Existe um grande ressentimento dos meus irmãos londrinenses (pelo ''abandono'') e eu quero pagar essa dívida'', declarou.

 

Fonte: Folha de Londrina