Londrina tem mais de 400 mil habitantes nas classes ABC

01/02/2012 10:47

Londrina tem, hoje, 58,93% de sua população na classe C e 21,65%, nas classes A e B, conforme estudo publicado no ano passado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Somando as três classes, são 80,58% da população, o que representa 408.299 pessoas. As classes D (13,46%) e E (5,96%) somam 98.401 pessoas.

O estudo considerou as faixas de renda como determinantes. Segundo a metodologia da FGV, salários acima de R$ 6.745 são considerados classe A; entre R$ 5.174 e R$ 6.745, classe B; entre R$ 1,2 mil e R$ 5.174, classe C; entre R$ 751 e R$ 1,2 mil, classe D; e abaixo de R$ 751, classe E.

Segundo os dados da FGV, no ranking nacional, Londrina está na 50ª posição entre as cidades com maior índice de pessoas na classe A, 12,04%, e na 110ª posição entre as cidades com maior índice de pessoas na classe B, 9,1%. Porém, perde para Curitiba, a 11º. Município em números de pessoas na classe A, e Maringá (36ª colocação). Maringá, aliás, supera a própria capital ao somar as classes ABC no ranking nacional: 83ª colocação contra 98ª de Curitiba. Nesse, Londrina fica apenas em 355ºlugar.

Mas Maringá tem uma população menor que Londrina, com 357.077 habitantes, o que soma uma população ABC também menor: 311.264 pessoas, quase 100 mil a menos.

Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Nivaldo Benvenho, esse número deve ser lembrado. “Londrina é uma cidade rica, mais do que imagina. Porém, tem problemas sérios porque deixa escapar os ativos e fica com os passivos”, diz. Segundo Benvenho, Londrina “virou um dormitório de ricos”. “Aqui temos uma situação em que os empresários produzem e recolhem impostos em Cambé, Ibiporã e Rolândia. Mas vivem em Londrina. A cidade fica com todos os ônus sem os bônus da arrecadação maior”, afirma.

Benvenho diz que Londrina precisa pensar na cidade que quer ser, no futuro. “Hoje, nós não temos planejamento, não temos uma agência de desenvolvimento atuante. As cidades vizinhas estão se organizando e levando nossas empresas para lá”, diz. De acordo com ele, o Município precisa priorizar a construção de ativos, como indústrias.

Em Maringá, a situação é a inversa, de acordo com a coordenadora
do Observatório das Metrópoles de Maringá, a socióloga Ana Lúcia Rodrigues. Ela alerta que aquela cidade excluiu a população pobre para a região metropolitana, principalmente por causa do preço médio da terra. “O preço dos terrenos é alto em Maringá e quem não pode morar aqui vai para Sarandi, Paiçandu, dentre outras”, aponta.

Para ela, Maringá não está ficando rica. “Muito pelo contrário, aqui população pobre nunca morou. As ações da cidade só atraem população que tem dinheiro como construtores, pessoas com alta escolaridade”, disse.

Cidadania e educação, saídas para a classe E

Para o sociólogo Wilson Francisco Moreira, é motivo de comemoração Londrina estar bem inserida no ranking de renda nacional, “caminhando na média nacional de crescimento de renda”. “Já a inserção em uma alta posição nas classes A e B é até uma surpresa e seria necessário uma pesquisa mais aprofundada. Essa riqueza existe mas está sendo realmente distribuída? Ou veio à reboque dos condomínios de luxo, onde as pessoas se estabelecem mas não fazem o dinheiro circular?”, questiona. Para ele, Londrina ainda tem uma desigualdade de renda muito grande já que as ascensões sociais foram observadas apenas no quesito de consumo. “Não há uma inclusão via cidadania. Serviços básicos de educação, saúde e segurança ainda são deficitários na cidade”, aponta. Para o economista e professor de Administração da Faculdade Pitágoras, Marcos Rambalducci, o fato de Londrina ter menos de 6% na classe E é, para ele, um bom sinal. “Significa que a cidade está conseguindo absorver a mão de obra menos qualificada, que migrou para classe D. Isso é reflexo, principalmente, das políticas federais de geração de renda”, aponta. Para ele, no entanto, é preciso que haja uma migração maior e mais constante de uma classe para outra. “O próprio estudo aponta que a educação é responsável pelos movimentos de saída da pobreza”, diz. Segundo o estudo, a pessoa sem instrução tem apenas 27% de probabilidade de sair da classe E contra 53% de chance daquele que estudou 12 anos ou mais. “E quem está na classe A dificilmente sai dela porque, na maioria dos casos, estudou. E isso se leva para sempre”, aponta. O professor lembra que o Município tem que investir em políticas de atração de empregos mas, também, em qualificação de trabalhadores que “ainda é incipiente em Londrina”.

 

Fonte: Jornal de Londrina