Reajuste do mínimo deve injetar R$ 47 bi na economia

28/12/2011 23:14

Conforme estudo do Dieese, cerca de 47 milhões de pessoas serão beneficiadas

O aumento de 14,13% no salário mínimo no ano que vem vai colocar cerca de R$ 47 bilhões em circulação no País, aponta o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em nota divulgada ontem. Serão beneficiados 47,6 milhões de pessoas que têm seus rendimentos referenciados no salário mínimo. De acordo com o Dieese, o impacto do aumento será sentido principalmente por servidores públicos municipais das regiões Norte e Nordeste.

Do lado do governo, o reajuste vai provocar um aumento de R$ 19,8 bilhões na folha da Previdência Social, ou seja, para cada R$ 1 acrescido no salário mínimo o custo dos benefícios cresce em R$ 257 milhões. O peso relativo da massa de benefícios equivalentes a 1 salário mínimo é de 46% da folha da Previdência e isso corresponde a 68,2% do total de beneficiários, afirma o Dieese. A contrapartida para o governo é um aumento estimado em R$ 22,9 bilhões na arrecadação tributária sobre o consumo.

O aumento de R$ 77 no salário mínimo a partir de 1º de janeiro (de R$ 545 para R$ 622) vai resultar em impactos menos expressivos na folha salarial do serviço público federal e estadual do que nos gastos dos municípios com seus funcionários. Apenas 0,97% dos servidores da União recebem hoje até R$ 545, valor atual do salário mínimo. No caso do quadro estadual, esse montante passa para 4,40%. Na administração municipal, porém, 12,33% dos servidores recebem até esse valor. A fatia de servidores nesta faixa salarial é maior nas regiões Nordeste (22,65%) e Norte (17,90%).

Na distribuição geral dos postos de trabalho do País, 50,6% do total de 87.923.586 brasileiros empregados recebem até um salário mínimo. No Nordeste esse contingente chega a 73,8% dos trabalhadores, no Norte a 63,2%, no Centro-Oeste a 45,5%, no Sudeste a 39,5% e no Sul a 37,8%.

Cesta básica

O novo salário mínimo terá o poder de compra equivalente a 2,25 cestas básicas calculadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A cesta definida pelo Dieese custa hoje R$ 276,31. De acordo com nota divulgada ontem pela entidade, a relação entre o salário mínimo e o preço médio da cesta básica será a maior desde 1979 - a série histórica da comparação começou em 1959.

O estudo do Dieese mostra ainda que o salário mínimo atingirá em janeiro seu maior nível histórico, se os valores forem deflacionados por projeção do estrato inferior do Índice do Custo de Vida (ICV). Em 1983, o valor real do salário mínimo era de R$ 645. No ano passado, caiu para R$ 556,68. No intervalo de 1983 até 2012, o salário mínimo atingiu o menor valor real em 1995, quando chegou a R$ 284,20.
 
Autor: Wladimir D'Andrade