Saldo da balança comercial cresce 210%

22/12/2011 10:07

Em 2010, saldo em 11 meses foi de US$ 149,3 milhões. Neste ano, no mesmo período, o resultado ficou em US$ 463,4 milhões

 

De janeiro a novembro deste ano, Londrina exportou mais de 82% que no ano anterior inteiro. Em cifras foram US$ 748.952.013 frente a UU$ 478.962.051 de 2010. Em 11 meses, o saldo da balança comercial (resultado da subtração do volume de exportações e importações) da cidade cresceu 210% em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo US$ 463.482.108, bem mais que os US$ 149.369.231 de 2010.

Para se ter ideia do crescimento do Município nesta área, Maringá – uma das maiores regiões exportadoras do Paraná – teve crescimento de 21% no saldo da balança comercial este ano, com uma expansão de 35% no volume das exportações de janeiro a novembro de 2011. Mesmo assim, Londrina exporta pouco mais de um terço do volume total de Maringá.

Aprendendo a exportar

A produtora de softwares Oníria é uma das empresas que participam do Peiex, embora já exportasse seus produtos antes de aderir ao programa. Segundo o diretor comercial e sócio da empresa, Juliano Alves, a Oníria surgiu em 2002 já como exportadora. “Aí fomos conquistando mercado interno e agora estamos voltando com tudo para a exportação, porque o mercado externo está voltando os olhos para o Brasil”, diz. Agora, ele comemora a primeira venda para os Estados Unidos. “Se for ver, não é difícil exportar desde que a empresa seja organizada e saiba ligar com a burocracia”, conta. A maior dificuldade, segundo ele, é sair da zona de conforto do empresário brasileiro e conquistar algo diferente “Quando se trabalha com exportação, se trabalha com modos de pensar, línguas e culturas diferentes. É isso que precisa ser entendido e, no final, é muito compensador”, diz Alves. “No mercado internacional, por exemplo, é preciso entregar o produto na data aprazada. Não existe aquela desculpinha: ah, deu um problema aqui e amanhã eu entrego. Tem que ser tudo de acordo com o contratado”, afirma. O restante, segundo ele, é burocracia que pode ser resolvido contratando um profissional da área de comércio exterior. Apesar da experiência anterior, Alves diz que está sendo compensador participar do Peiex “porque não é preciso inventar a roda”. “Mesmo que o programa não fale exclusivamente sobre seu produto, o processo é e será sempre o mesmo. Você tem que entender as regras e isso é muito bom, porque eles dão todo o mapa”, afirma.

 

Para o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) em Londrina, Ary Sudan, o bom resultado da balança comercial do Município não é surpresa. “Londrina vem crescendo todo mês, desde o início do ano. Em 2011, não tivemos nenhum mês onde o saldo tenha sido negativo, com as importações superando a exportações. Houve até redução na importação”, diz. Para ele, isso se deve a vários fatores, inclusive o fato de mais empresas londrinenses estarem descobrindo os meandros do comércio exterior. “Mesmo aquelas que já exportavam, não acreditavam que era um importante aliado no crescimento. Muitos tinham aquela mentalidade de que, quando aumenta o consumo interno, deixavam de exportar. Agora isso mudou”, diz.

Mesmo com a questão do dólar, que teve uma recuperação a partir de meados do ano, Sudan aposta numa profissionalização maior e mais gente entrando na área. “O comércio exterior está deixando de ser algo estranho e misterioso, para ser corriqueiro. Isso significa que o produto brasileiro também está melhorando”, aponta. Outro fator que ele aponta como co-responsável pelo crescimento é que um dos principais clientes de Londrina é a China, que está num processo de crescimento e foi pouco afetada pela insegurança da economia mundial. “Só que há um lado negativo, porque o que se exporta para a China são apenas commodities”, diz.

As commodities continuam no topo do rol de produtos exportados no Município: soja, café, açúcar e carnes. Produtos industrializados, porém, começam a aparecer com volumes significativos. E a tendência é que aumentem nos próximos anos, diz o coordenador do Programa Extensão Industrial Exportadora (Peiex), Paulo Bombassaro. O programa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) tem parceria com a Fundação Araucária. Segundo Bombassaro, hoje, 192 empresas londrinenses – de todos os tamanhos - participam do Peiex, criado em 2009 e voltado exclusivamente para produtos industrializados. O programa é gratuito e pode ser solicitado por empresas de qualquer porte interessadas em se tornar mais competitivas.

Uma das metodologias do programa Extensão Industrial Exportadora (Peiex) - do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) - é fazer o diagnóstico da empresa, apontando os pontos fortes e os fracos, que precisam ser melhorados. “Depois disso, se a empresa já consegue resolver os problemas, mostramos os caminhos que o empresário pode seguir para colocar seu produto no mercado exterior”, diz o coordenador do projeto, Paulo Bombassaro. Segundo ele, de 10% a 20% das empresas atendidas já têm condições de começar a exportar.


De acordo com o coordenador, as empresas competitivas e bem gerenciadas têm grande possibilidades de avançar no mercado de modo geral. “A exportação acaba quase sendo uma consequência porque inserimos na cultura empresarial à ideia de que existe um mercado internacional e que não é nenhum bicho de sete cabeças participar dele”, diz.

Fonte: Jornal de Londrina