Trabalho estressa mais o brasileiro

08/07/2013 22:43

Pesquisa feita em 13 países mostrou que é mais comum encontrar funcionários lidando com o problema no Brasil

Todo trabalho, por mais prazeroso que seja, envolve alguma carga de estresse. O problema é quando essa pressão se torna pesada, contínua, e chega a afetar a saúde do trabalhador. Em uma pesquisa divulgada no mês passado pela Robert Half, empresa internacional de recrutamento que mantém mais de 350 escritórios em todo o mundo, o brasileiro apareceu como o mais estressado entre os trabalhadores de 13 países pesquisados. 

Foram entrevistados quase 1,8 mil diretores de recursos humanos de empresas, sendo 100 no Brasil. Dos gerentes brasileiros, 42% disseram que é muito comum lidar com funcionários que enfrentam estresse e angústia no ambiente de trabalho. No Chile, segundo colocado, 33% dos diretores relataram a mesma situação. A média nos 13 países pesquisados foi de 11%. 

No Brasil, as causas de estresse mais citadas foram excesso de trabalho (mencionado por 52% dos gerentes), falta de reconhecimento (44%) e pressões econômicas (38%). 

Marcela Esteves, gerente da divisão de finanças e contabilidade da Robert Half no Brasil, aponta que uma explicação para o brasileiro figurar como o mais estressado na pesquisa é que o emprego tem um significado diferente para o trabalhador local na comparação com os outros países pesquisados. 

"É uma questão cultural: para o brasileiro, o trabalho, além de meio de vida, é o acesso à educação, saúde, transportes e outros benefícios. A pessoa tem a percepção de que não vai ter como sobreviver se não tiver trabalho e renda. Nos outros países, isso é encarado de outra forma", explica. 

"As empresas perdem dinheiro com funcionários afastados em razão de problemas de saúde: a produtividade cai, os outros trabalhadores ficam sobrecarregados, há despesas com a contratação de substitutos temporários... Então o impacto, além de ocorrer em termos pessoais, na vida do funcionário, também é sentido na empresa e na economia como um todo", diz Marcela. 

A pesquisa aponta que os três mecanismos mais utilizados pelas empresas brasileiras para evitar estresse no quadro de funcionários são a promoção de um ambiente de equipe no trabalho (apontada por 60% dos gerentes), reestruturação de tarefas e funções (51%) e o encorajamento a atividades interativas e de confraternização (36%) - a soma das porcentagens excede 100% porque mais de uma alternativa podia ser citada pelos diretores. 

Marcela Esteves cita que, além dessas estratégias, outra ação que está sendo cada vez mais praticada pelas empresas brasileiras, especialmente as de grande porte, é o acompanhamento psicológico dos funcionários. "A maioria das grandes empresas considera este um investimento viável e que dá resultados", diz a gerente. 

 

Fonte: Folha de Londrina